terça-feira, 15 de abril de 2014

Chorando se foi quem um dia só me fez chorar

























 Ao contrário do pensamento popular amplificado
pelo goleiro Felipe, eu não fico feliz se meu time ganhar roubado. Eu quero que
o meu time vença jogando bem, dando show, goleando, porém isso nem sempre
acontece.  Em contrapartida, não desejo torcer
por uma equipe que só jogue bem e perca sempre. Dito isso, salvo situações
comprovadamente ilícitas, entendo que os erros fazem parte dos esportes e, em
particular, do futebol.





Talvez muitos não percebam, mas boa parte da
paixão no futebol advém da imprevisibilidade, e a imprevisibilidade pode ser
composta por equívocos, ou por maneiras distintas de se ver a mesma coisa. Uma
partida de futebol é vista de forma bem diferente para quem vai ao estádio, e
de outra para quem assiste na TV, onde o narrador e comentaristas contam com
recursos com os quais o ser humano “in loco” não dispõe.





Se há 40.000 pessoas em um estádio, cada um dos espectadores possui uma visão muito particular do jogo, mesmo que influenciado
pelos demais que estão imediatamente ao seu redor. Por muitas vezes, a
percepção diferente de dois torcedores lado a lado nas arquibancadas
proporciona desentendimentos que podem chegar as vias de fato.





Façamos um exercício. Se não fosse o vídeo tape,
quem em sã consciência ontem reclamaria da legalidade do gol de
Márcio Araújo? E chamo os leitores a pensar que os lances que fizeram o jogo
sair do marasmo foram originários de erros. O primeiro foi a expulsão injusta do
zagueiro Chicão que, a meu ver, era o melhor jogador do Flamengo em campo (talvez
o melhor do jogo até aquela altura).





O segundo erro foi o do defensor Erazzo, que
sabidamente vem tendo, no mínimo, problemas de adaptação ao futebol brasileiro.
O pênalti do equatoriano foi infantil, o que para um homem daquele tamanho é
vergonhoso. Vi, revi, e vi de novo, não há o que reclamar foi muito pênalti. E
desse vacilo saiu o gol que encheu de alegria e esperança o torcedor vascaíno,
que já se convencia da vitória inexorável, talvez motivado pela péssima qualidade técnica da peleja,
tornando improvável que o rival empatasse.





Naquele momento, com toda a certeza, o torcedor
do Vasco sequer estava preocupado se o gol tinha saído de um pênalti existente
ou não. O vascaíno nas arquibancadas cantava, incentivado pelos jogadores que
estavam no banco de reservas. Gritavam “Olé!”, convictos de que “Hoje não! Hoje
não!”. O Vasco foi o Campeão Estadual do Rio de Janeiro até os exatos 46 minutos do segundo tempo.




 


 


E aí, por tudo que eu conheço de Flamengo, tanto
a Magnética presente no estádio, quanto o que assistia pela televisão, ou que
estavam com o radinho de pilha, ou com o rádio do celular nos ouvidos, todos
apostávamos na síndrome do vice que assola os cruz-maltinos. Afinal, por mais
que o adversário se esforçasse, por mais que parte da imprensa desejasse que o
Vasco fosse campeão para atenuar a queda para a Série B, não podemos deixar de
lado o fato de que o Flamengo fez uma campanha que fez jus ao título.





Para que fique bem claro, o choro vascaíno não é
pelo erro. Fosse assim, basta voltarmos no tempo e ver a quantidade de vezes
que o Vasco foi beneficiado. Roberto Dinamite, o maior artilheiro de São
Januário quer anular a partida? Então teremos que discutir a relação com a
nossa Baranga predileta. Podemos conversar sobre 1974, final do Campeonato
Brasileiro. Armando Marques anulou o gol de empate do Cruzeiro. Dinamite,
merecemos saber qual foi o motivo, o lance está aqui:   http://www.youtube.com/watch?v=FDCDLhmG_dM





E contra o Flamengo? Sei que os rubro-negros esqueceram-se
das vezes que o nosso time foi prejudicado, por que todos sabemos  que a Escola de Rubro Negrismo Racional nos
ensina a não viver de chorôrô http://globoesporte.globo.com/rj/torcedor-flamengo/platb/2008/08/25/rubro-negrismo-racional/







E a vida seguiu adiante. Reclamar só serve para aumentar a dor.


Mas aí, diante da onda desse moralismo hipócrita
que assola o País, vem um monte de gente tentar nos convencer de que não
podemos comemorar o título de ontem? Eles acham que somos o que? A virgem que
habita o baixo meretrício? Como bem disse o Galinho de Quintino ao ser
questionado pelo Juninho Pernambucano, indagando se o Zico não teria vergonha
de ganhar assim “roubado”. Nosso craque foi muito feliz ao afirmar “Já perdi de
formas piores!”...





Rapidamente, de forma bem sincera, qual vascaíno
tem vergonha desta vitória aqui? http://www.youtube.com/watch?v=n7TZn3OwgRk


Pimenta nos olhos dos outros é refresco...





E isso serve para todos os grandes clubes
brasileiros. Em Belo Horizonte, o torcedor do América Mineiro vê seu time ano
após ano sucumbir diante do Atlético Mineiro, cuja torcida está nesta neste
momento chorando por outro erro na decisão de ontem. E sabem como o torcedor do
Cruzeiro respondeu a isso tudo? Comemorando e encarnando nos galináceos.










Todavia, se após isso tudo, o vascaíno achar que
não é vergonha seguir os caminhos tricolores, que fiquem a vontade para entrar
na justiça, no STJD, na FIFA. E olha que o Carioquinha não vale nada! Imagina
se tivessem que jogar novamente contra o São Caetano decidindo a Série B de
2014? Para sorte, ou azar, o Azulão submergiu. Mas, como todos sabem, o
Bacalhau já pode comemorar sua volta ao mundo do Flamengo em 2015. Afinal, o
vice também sobe para a série A.










Cordiais saudações Rubro-Negras!





Ricardo Martins – Embaixada Fla BH



SRN

Fonte: http://flamengoeternamente.blogspot.com/2014/04/chorando-se-foi-quem-um-dia-so-me-fez.html

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