quarta-feira, 4 de junho de 2014

As dificuldades do Flamengo.









Mais uma vez o Flamengo inicia o Campeonato Brasileiro com uma série de problemas. Mais uma vez amargamos a zona do rebaixamento. Mais uma vez estamos com um time limitado, sem perspectiva e franco favorito à segunda divisão. Mas este ano é uma exceção?
 
A história recente do Flamengo tem se mostrado bem repetitiva neste sentido: ou temos uma sequência excelente e terminamos com um final feliz, ou ficamos nos altos e baixos nos arrastando na competição, somando pontos para fugir da “degola”. Isto não é exceção. Tem sido regra, pelo menos, nos últimos 20 anos. E por que, só agora, alguns ditos “torcedores” começam a reclamar, pedir impeachment de uma diretoria séria e competente, querendo aparecer como “salvadores da pátria”? A resposta é simples: por que antes tinham uma boquinha nas diversas diretorias, recebiam ingressos gratuitamente para venderem ou distribuírem entre os seus; porque tinham um poder que não detêm mais. É a mesma história que se repete desde o ano passado: tentam tumultuar, para surgirem como solução, ou melhor, criam dificuldades para tentarem vender as soluções. A tentativa não cola.
 
E nos anos em que o Flamengo foi Campeão Brasileiro? Tudo se mostrou “as mil maravilhas”? O Flamengo dominou os campeonatos de ponta a ponta? A crítica não existiu? Vamos aos números ao longo dos anos – e dos títulos:
 
1980 – Em seu primeiro título nacional, o Flamengo terminou a 1ª Fase em 2º lugar, atrás do Santos. Na 2ª Fase passou fácil por Palmeiras, Santa Cruz e Bangu. Na 3ª Fase se classificou para as Semifinais, vencendo o Santos em casa, na última rodada. Semifinal fácil contra o Coritiba e a Final aquele “Deus nos acuda” que todos nós já cansamos de ver e rever. Na classificação final do Campeonato ficamos com 34 pontos, empatados com o Atlético-MG, porém com menos vitórias e com saldo de gols menor. Fomos campeões por termos feito uma 3ª fase melhor, apenas um ponto na frente, jogando a Semifinal e Final por dois resultados iguais.
 
1982 – O Bi Nacional também não foi fácil: primeira fase tranquila, classificado em 1º isolado num grupo com São Paulo, Treze-PB e Náutico. Sete vitórias em oitos jogos, incluindo um 3x2 e outro 4x3 contra o Tricolor Paulista. A “moleza” terminou por aí. Ficamos em 2º lugar na Segunda Fase, no grupo do Corinthians; Oitavas-de-final com uma vitória (2x0) e uma derrota (2x1) contra o Sport; Quartas-de-final com uma vitória (2x1) e um empate (1x1) contra o Santos; Duas vitórias apertadas (2x1 e 3x2) contra o Guarani nas Semifinais e a Final contra o Grêmio em três jogos, sendo campeão fora de casa, num jogo extra, em vitória por 1x0 (depois de dois empates por 1x1 e 0x0 nas duas primeiras partidas).
 
1983 – 2º lugar na 1ª Fase, no grupo do Santos; 2º na 2ª Fase, no grupo do Palmeiras; 1º lugar na 3ª Fase, um ponto à frente do Goiás e dois à frente do Corinthians; Quartas-de-final com uma vitória e um empate contra o Vasco (2x1 e 1x1); Semifinal com uma vitória e uma derrota para o Atlético-PR (3x0 e 0x2) e uma Final, contra o Santos, também não muito fácil: derrota em São Paulo por 2x1. E uma vitória larga, porém num jogo difícil, no Maracanã: 3x0, com um gol no começo e dois no final da partida. Na classificação final do Campeonato, o Flamengo ficou com 35 pontos (mesmo número de pontos do Atlético-MG e um a menos que o Santos, mesmo tendo sido o Campeão).
 
1987 – O campeonato mais controverso e debatido da nossa história, não começou nada bem. O Regulamento indicava duas fases, com dois grupos de oito equipes cada. Em cada Fase se classificava o Campeão de cada grupo, para as Semifinais. Caso um clube vencesse o grupo nas duas fases, se classificava o melhor segundo colocado da chave. Foi assim que o Flamengo se classificou: ficou em 6º lugar na 1ª Fase e em 2º na segunda. Como o Atlético-MG foi campeão das duas fases, o Flamengo acabou entrando nas Semifinais, pelo regulamento. Daí em diante todos já sabem: duas vitórias dramáticas, apertadas e históricas contra o próprio Atlético-MG (1x0 e 3x2) e o título em cima do Inter, no Maracanã, conquistado aos 39 minutos do segundo tempo, com o gol mágico do Bebeto.
 
1992 – Nosso Penta foi ainda mais difícil: 4º lugar na 1ª Fase, atrás de Vasco, Botafogo e Bragantino e uma 2ª Fase dramática, com a classificação vindo no último jogo, dependendo de uma vitória do nosso maior rival em cima do São Paulo (quer maior dificuldade que essa?). A Final foi a mais fácil de todas: 3x0 e 2x2 em cima do Botafogo.
 
2009 – Esse talvez seja o Campeonato que mais pessoas se lembram, por ser bem recente: na 21ª rodada estávamos na 10ª colocação, oito pontos à frente da zona de rebaixamento e a sete pontos da zona do rebaixamento. O título nunca passou pela cabeça de nenhum flamenguista, nem do mais fanático. À medida que íamos vencendo e subindo várias posições, o sonho para a Libertadores ia ganhando forma, mas o título só passou a ser real após as sucessivas derrotas do Palmeiras e a derrota do São Paulo para o Botafogo, faltando apenas três rodadas. A liderança só veio na penúltima rodada, contra o Corinthians, em São Paulo, e graças à derrota do São Paulo para o Goiás, no Serra Dourada, com uma improvável combinação de resultados, após 16 partidas, com onze vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O título veio numa vitória sofrida contra o time juniores do Grêmio, na última grande decisão do velho Maracanã.
 
Estas foram as histórias resumidas dos campeonatos ganhos. E os perdidos? 14º em 1971; 12º em 1972; 24º em 1973; 16º em 1978; 12º em 1979; 13º em 1986; 9º em 1989; 11º em 1990; 9º em 1991; 14º em 1994; 21º em 1995; 13º em 1996; 11º em 1998; 15º em 2000; 24º em 2001; 18º em 2002; 17º em 2004; 15º em 2005; 11º em 2006. E, por fim, a última gestão: 14º em 2010; 4º em 2011 (essa sim uma exceção) e 11º em 2012. Em 2013 terminamos em 11º, caindo para a 16ª colocação após a punição no STJD. Até o 3º lugar de 2007, o Flamengo jamais havia ficado entre os quatro primeiros, exceto nos anos em que foi o Campeão. Resumindo: ou o Flamengo vence, ou definitivamente não convence. Ou é festa ou é vergonha. E os títulos nunca foram fáceis.
 
Longe de tentar diminuir os títulos brasileiros do Flamengo, este artigo tem o objetivo de mostrar aos torcedores, que tiverem o interesse de lê-lo, como a história do clube é sofrida quanto aos títulos que conquista. Até o Basquete, que no último sábado conquistou o Tricampeonato do NBB (2009/2013/2014) e Tetracampeonato Brasileiro (contando o título de 2008), sempre vence os campeonatos com extrema dificuldade. Quando o título está fácil, eles complicam, perdem um jogo em casa, tem que se recuperar fora ou viram o jogo, como foi hoje. Os títulos sempre são merecidos, mas também são sofridos, disputados, com um pouco de sorte e muita competência. O Flamengo sempre fez jus ao ditado “deixou chegar f...”. E esta é a tônica do clube, em todos os esportes. Poucos torcedores se lembram do título da Superliga Feminina de Vôlei, em 2000, contra o Vasco: 3x2 (17x15 no tie-break), com briga, muita garra e raça. Leila e Virna eternizadas na história do Maior do Mundo, sentindo o que é ter uma segunda pele vermelha-e-preta.
 
Não é a nova diretoria, nem as posteriores, que mudarão esta história. Até porque esta é a NOSSA história, a NOSSA forma de vencer e é desta forma que NOSSA torcida se tornou a maior e melhor torcida do Planeta. Espero que os azuis continuem sanando nossas dívidas e trazendo novos patrocinadores para todos os esportes. A última diretoria pegou o time de basquete bicampeão brasileiro e campeão sul-americano. Passou três anos só ganhando carioca, perdeu um NBB e um sul-americano em casa, sem patrocinador e devendo quatro meses de salário. É só perguntar a qualquer jogador do time se prefere a atual administração ou a antiga. A diferença está aí para quem quer ver. Agora somos, novamente, bicampeões brasileiros e com um título internacional; vamos disputar um mundial e pré-temporada na NBA, só isso. Nosso Basquete voltou ao patamar de 2009 em títulos, porém com um time muito mais competitivo, salários em dia, grandes patrocinadores na camisa e reconhecimento internacional.
 
No futebol ainda falta bastante. Temos um time fraco, com uma folha salarial alta e poucos resultados em campo, apesar dos títulos do Carioca e da Copa do Brasil. Mesmo assim, se formos comparar, entre 2010 e 2012 (anos da última gestão), ganhamos apenas um Carioca e ficamos em 4º lugar no Brasileirão de 2011. Em um ano e meio já colhemos mais frutos dentro de campo, que em três anos da presidência anterior.
 
Acredito muito que estaremos em outro patamar no futebol em alguns anos. Não darei audiência a pessoas que só querem usar o Flamengo para benefício próprio, para ganhar dinheiro às custas do clube e dos torcedores. Essa Era já passou, agora estamos na fase da profissionalização. Precisamos melhorar a cada dia e não continuar “dando bola” para torcedores profissionais (os que ganham dinheiro com isso). Vamos para frente, acreditar SEMPRE, como SEMPRE fizemos. E parabéns ao Fla-Basquete que tanto orgulho nos dá a cada nova conquista. Que venha o Orlando Magic, que venham os times da NBA e que venha o Mundial, pois somos Internacionais, somos os maiores e os melhores em TODOS os esportes. SRN.
 
Daniel Mercer.
 


SRN

Fonte: http://www.noticiasfla.com.br/2014/06/as-dificuldades-do-flamengo.html

0 comentários:

Postar um comentário