Quando os jogos de seleções tiram das principais competições do país os melhores jogadores, aqueles que custam mais caro, os clubes sofrem tecnicamente e protestam. Com razão. Mas o que fazem para mudar tal realidade?
O Campeonato Brasileiro se consolidou com pontos corridos e 38 rodadas. A Copa do Brasil cresceu em qualidade, importância e popularidade com os times que jogam também a Libertadores. Contratos válidos até 2018 asseguram que Libertadores e Copa Sul-Americana continuarão em semestres diferentes, por menos sensato que possa parecer. Ou seja, só há um caminho para aliviar o calendário: redimensionar os Estaduais, reduzir o número de jogos dos grandes, liberando as datas dos jogos de seleções.
Pois desde 11 de setembro a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) sedia um fórum de debates sobre a competição. Em tese, seria a oportunidade de dizer presente, apresentar propostas, exibir insatisfação através de uma ação articulada entre os quatro grandes cariocas.
Na porta do auditório, há uma lista de presença. Consultado o histórico das oito reuniões já realizadas, um dado chama atenção: apenas o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, assinou a lista de presença. E mesmo assim de um único encontro. Os demais, nunca apareceram. Ou seja, juntos, os presidentes de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco somam 31 ausências e uma presença.
Argumentam que mandam representantes. Pois das oito sessões, apenas duas tiveram a presença de dirigentes ou funcionários dos quatro clubes. Nos encontros mais recentes, o comparecimento minguou ainda mais. Na sétima reunião, há dez dias, só Fluminense e Botafogo estavam representados. Na última terça-feira, apenas um advogado do Flamengo apareceu. Quase todos os encontros do fórum, aliás, aconteceram num auditório vazio, com média de 30 presentes, incluindo clubes pequenos, jornalistas, diretores da Federação e representantes de órgãos públicos.
É como um passe sob medida, açucarado, dos clubes para a Federação. É verdade que parte considerável dos palestrantes convidados têm discursos afinados com a entidade, fazem discursos comoventes em defesa do atual formato do Estadual. O caso é que as ausências reforçam o discurso da Ferj. O presidente da Federação, Rubens Lopes, garante que, além de ausentes, os clubes grandes jamais enviaram qualquer documento com sugestões ou pedidos formais de redução do campeonato.
- Mais uma vez, queria lamentar a ausência dos principais interessados - disse Lopes, ao abrir a sessão da última terça-feira.
O discurso é repetido como um mantra.
- Se os problemas do Estadual fossem tão grandes quanto estes clubes nos querem fazer crer, estariam aqui - discursou o vice jurídico da Federação, Cláudio Mansur, há dez dias.
Na reunião que tratou dos preços de ingressos, o Vasco esteve ausente. Já a discussão sobre mídia e mecanismos de divulgação do campeonato não seduziu quase nenhum dos grandes: Flamengo, Fluminense e Vasco faltaram. Apenas o tricolor, por sua vez, mandou representante para o encontro sobre mercado de trabalho ligado ao futebol carioca, enquanto Vasco e Flamengo não se interessaram pela reunião sobre a criação de um Código de Postura para o campeonato, punindo críticas à competição. Também fracassou a reunião sobre a criação do Fair Play Financeiro no Estadual: Fluminense, Vasco e Botafogo não foram.
Os temas que reuniram todos os grandes foram a discussão sobre estádios e sobre segurança. Em ambas, funcionários de áreas com afinidades com o tema representaram os clubes. Mas não houve pronunciamento de membros das diretorias dos clubes grandes.
Uma oportunidade de reverter o quadro se anuncia para a próxima terça-feira. O fórum vai discutir, especificamente, o modelo de campeonato para as próximas temporadas. É a chance de dizer presente.
Fonte: Blog do Mansur
SRN
Fonte: http://www.noticiasfla.com.br/2014/10/Um-passe-acucarado-Clubes-para-Federacao.html
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